
Edward, mãos de tesoura! Eu me vejo toda a vez que assisto esse filme. Eu também vivia num castelo solitário e sombrio, só que o meu era interno, a frieza; até conhecer alguém que me transformasse em um Edward, espécie de “monstro sensível” perdido e sem saber o que fazer num mundo estranho e hostil, que no meu caso era o amor. Edward é um homem bom, que ama de verdade, se preocupa e tenta cuidar de Kim. Mas suas tesouras afiadas sempre a colocam em perigo e chegam mesmo a machucar, por melhores que sejam as suas intenções. E quanto mais ele a ama, mais a fere. Qualquer demonstração de carinho mais forte se transforma em um corte profundo na pele, no rosto e na alma de Kim. Na verdade ninguém entende que ele só está tentando acertar os passos numa terra em que nunca pisou, e que essa adaptação é difícil demais, e fere mesmo. Os dois. Ninguém entende que Edward também sofre, talvez mais do que Kim. Ninguém entende que ele só quer alguém que o ensine a usar as tesouras, e que não tenha medo delas. Ninguém entende o quanto é triste ser afastado da pessoa que se ama, só porque seu amor cresceu demais e se tornou uma ameaça. Ninguém entende, ninguém entende, ninguém entende. Eu te entendo, Edward. Agora, sim, eu te entendo. E foi porque eu entendi que você deixou de ser só mais um personagem de filme de Sessão da Tarde e se tornou um espelho. É triste ver que as tesouras afiadas de Edward são a metáfora do único amor que você é capaz de dar. Um amor que fere, e assusta, e afasta, e te faz sofrer, e te impede, e te transforma num monstro. Justamente pra única pessoa do mundo que você seria incapaz de querer mal. E ninguém entende, ninguém entende, ninguém entende. Eu só queria que a minha Kim entendesse. E não tivesse medo, e mandasse as tesouras se foderem, não a mim. Mas eu sei que é pedir demais. Pra Winona Ryder, pra minha Kim. E pra todas as outras Kins do mundo. MUHAHAHA